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Projeto Fusc n’ Roll leva música e intervenções artísticas para as praças da Cidade Tiradentes

 

O grupo, que tem um fusca como cenário, além de contar com um variado repertório transitando entre o blues e o rock n’ roll, ainda propõe um novo olhar sobre o bairro

 

A periferia da cidade de São Paulo é palco de ampla produção cultural e artística. Seja no teatro, dança, música ou cinema, artistas e coletivos culturais mostram que áreas geralmente marginalizadas são celeiros de ações importantes cultural e socialmente. Grande exemplo desta diversidade é o projeto “Fusc n’ Roll”, que leva música e intervenções artísticas às praças de Cidade Tiradentes.

Formado por quatro jovens músicos, duas performers e com a participação mais que especial da Vovó do Rock, dona Alzira Martha, 85, o grupo que usa como cenário um fusca nasceu em outubro de 2014 com objetivos que vão além do espetáculo. Partindo da premissa de que “o artista vai onde o povo está”, levar a apresentação para praças espalhadas pelo bairro, que mais parece uma cidade, foi uma forma encontrada pelo grupo de possibilitar o acesso do público de forma democrática.

 

Com um repertório que traz nomes como Elvis Presley, Chuck Berry, Queen e Beatles, a banda leva às praças canções que marcaram época entre as décadas de 60 e 90, transitando entre o blues e o rock n’ roll. O resultado é uma plateia da mais diversa. O diálogo entre gerações, evidenciado pela participação da vovó do Rock, é um dos pontos mais gratificantes para os integrantes, de acordo com Luccas Martha, guitarrista e vocalista da banda. “É muito importante pra nós proporcionarmos este diálogo através da música. Quando vemos pessoas tão diferentes curtindo o nosso som só nos motiva a levar o projeto adiante”, conta.

Além disso, o projeto aponta para a importância da apropriação à cidade, é o que conta o guitarrista Allan Silva. “É muito importante que as pessoas ocupem os espaços públicos e recuperem essa sensação de pertencimento ao ambiente em que vivem, algo que era comum antigamente e que por diversos fatores foi se perdendo”, afirma. Ao mesmo tempo levar arte para estas praças serviu para chamar atenção para as condições precárias de alguns destes espaços. “Acreditamos que quanto mais estes locais forem movimentados pela comunidade, mais o poder público voltará a atenção para estes pontos muitas vezes esquecidos”.

 

Com shows quinzenais, geralmente aos sábados, além da música de qualidade o grupo conta também com a intervenção artística das performers Aline Martha e Giselle Vergna, que dialogam com os músicos e com o público através de microcenas criadas a partir de partituras corporais. Vovó do Rock, a “mascote” do grupo” faz a alegria dos presentes com sua disposição e bom humor. Estas intervenções ajudam a criar um vínculo com o público, tornando a experiência do evento algo memorável. “É muito bacana porque não tentamos tirar as pessoas da realidade delas e sim proporcionar um respiro, um momento em que eles possam se divertir e, ao mesmo tempo, se voltar o olhar para o próprio bairro, para sua própria realidade com uma perspectiva diferente”, esclarece Aline, que também é diretora artística do Projeto.

 

Realidade que os integrantes conhecem bem. Moradores da Cidade Tiradentes, eles vivenciam diariamente os problemas que o bairro enfrenta. Constituído sem planejamento pré-estabelecido que levasse em conta as necessidades básicas da população, o distrito conta uma população de 219.868 mil habitantes que construíram a história do lugar. “Para nós, é uma honra fazermos parte desta história e nossa forma de retribuir é compartilhando nossa arte, que é o que nos impulsiona. Esse encontro entre nós e o público tão próximo é o que faz nosso trabalho valer a pena”, arremata Aline.

 

O projeto, que foi contemplado com o Programa de Valorização de iniciativas culturais (VAI) da Prefeitura de São Paulo, segue com programação até novembro.

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